Acordei com o meu despertador a tocar e juro que só me apeteceu atirá-lo contra a parede! Dormi mal na noite anterior, não conseguia deixar de me sentir desiludido com Neela por me ter dado uma tampa no restaurante. Passei grande parte da noite e rebolar de um lado para o outro, há procura de uma posição melhor e passado 5 minutos já estava a mudar para outra. Ou seja, devo ter dormido duas horas, se tanto. No entanto lembrei-me que hoje era domingo, portanto nem despertador precisava. Fiquei aborrecido, tinha-me esquecido de tirar o despertador... Uf!
Mas já estava acordado e estava portanto levantei-me e fui tomar banho. Demorei algum tempo,mais do que o costume, mas só porque me estava a saber bem. Eventualmente tive de sair para me vestir. Vesti uns calções de ganga e uma tshirt azul-cinzento e fui comer qualquer coisa. Entretanto liguei o meu telemóvel e recebi 4 mensagens, que tinham sido mandadas durante a noite e 6 chamadas não atendidas. Achei estranho ter tanta coisa logo de manhã.
O meu coração disparou. Será que tinha acontecido alguma coisa em casa? Ao meu pai? Ao Charlie?? Peguei ansiosamente no telemóvel e vi que eram tudo mensagens e chamadas de Neela. Fiquei aliviado, por momentos pensei que tinha acontecido alguma coisa em La Push, ufa... E depois fiquei aborrecido outra vez. Li as mensagens com calma, apesar de já sentir aquele calor caracteristico de quando me enervo a passar lentamente pela minha espinha.
1ª: "Jacob, desculpa não ter podido ir! Aconteceu um imprevisto e esqueci-me de te avisar. Desculpa!!"
2ª: "Jacob, responde por favor."
3ª: "Jacob sinto-me horrivel, desculpa!! :/ "
4ª: "Atende o telemóvel por favor..."
Pois claro, desculpa clássica: um imprevisto e depois esquece-se de avisar as pessoas! Não ia cair nessa,lamento. Estava demasiado magoado e sinceramente ofendido para a perdoar assim. Sim adorava-a e só a vi-a à minha frente mas ter levado uma tampa foi algo que me perturbou bastante.
Pousei o telemóvel no balcão e comi os meus cereais enquanto via tv.
(...)
Todo o dia recebi chamadas e mensagens da Neela e pedir desculpa e a pedir para a atender mas isso não ia acontecer. Uma parte de mim queria atender e perdoá-la mas a outra dizia para não ceder tão rapidamente, ela tinha-me magoado portanto não a ia desculpar assim em dois segundos.
Cheguei a casa de Cam, o telemóvel sempre a tocar.
- Peludo! - disse a sorrir.
- Olá. - respondi sorrindo também. Ela estava com a sua clássica vestimenta com caveiras todas coloridas: o pijama dela!
- Não vais atender? - perguntou, referindo-se ao meu telemóvel.
- Não.
- Quem é? - deixou-me entrar e fomos para a sala.
- A Neela. - disse-lhe e o telemóvel parou de tocar.
- Ah estou a ver... Está a tentar pedir-te desculpas?
- Sim mas não as vou aceitar, pelo menos por hoje. O meu primeiro encontro de sempre e ela dá-me assim uma tampa! Fiquei traumatizado!
- Humhum, imagino que foi mesmo por isso. Ela ofendeu-te o ego isso sim. - sugeriu Cam.
- O ego? Só podes estar a brincar comigo. - respondi ofendido. Ego?
- Sim, o ego. Vcês rapazes são muito orgulhosos e quando nós vos lixamos de alguma maneira, como por exemplo, sermos nós a dar-vos tampa e não vocês a nós, ficam ofendidos. Atingimos o vosso ego e vocês não gostam. - explicou, sorrindo orgulhosa de si mesma.
- Ninguém gosta de levar uma tampa Cam. - retorqui.
- Verdade mas vocês parece que levam mais a peito. Como estás agora mesmo a provar. A rapariga quer pedir desculpa e tu só não atendes porque ficas-te ofendido.
Fiquei a pensar no que Cam tinha dito, e de certa forma ela até tinha razão no que estava a dizer. Tinha ficado ofendido e com o meu "ego masculino" como ela lhe chama, magoado. Talvez devesse atender o telemóvel. Já eram quase três horas e ela andava a ligar-me de dez em dez minutos...
- Acho que tens razão... -disse.
- Claro que sim, peludo. A piolha tem sempre razão. - riu-se.
- Pois, pois. E eu sou o Pai Natal!
- A sério?? - perguntou, sorrindo como uma criança que encontrou uma caixa de doces debaixo da cama. - E não me dizias nada??
- Sabes que não posso revelar este segredo a ninguém piolha!!
- Iupi!! Nem acredito que conheci o Pai Natal! - saltou para cima do meu colo e eu desmanchei-me a rir. - Dás-me uma guitarra este ano?? Dás, dás?
- Tens-te portado bem? - perguntei.
- Claro que sim Pai Natal! Tenho dado muitos conselhos ao meu peludo e as notas na faculdade andam boas. Vá lá!
- Hum...vou pensar.
- YES!! - e deu-me um beijo tão forte, que a minha bochecha ficou deformada durante uns segundos.
Rimo-nos daquela situação toda, mas a minha amizade com Cam era assim, muita palhaçada. E adorávamos. O meu telemóvel deixou de tocar, Neela tinha desistido. Senti-me mal por a ter ignorado durante tantas horas. Cam disse para eu lhe ligar, portanto foi isso que eu fiz. Atendeu passado dois toques.
- Estou? - disse a voz do outro lado, estava desanimada.
- Neela, é o Jacob... - disse calmamente.
- Oh Jacob, desculpa!! Não queria ter-te deixado no restaurante à espera tanto tempo e quando cheguei lá já não estavas e tentei ligar-te mas já tava desligado... - começou a falar a mil.
- Neela, Neela, tem calma. Respira. - assim fez. - Ouve, fiquei magoado por me teres deixado no restaurante na seca e fiquei um bocado ofendido. Podias ter ligado a avisar, ia perceber se não pudesses ir...
- Eu sei, passou-me completamente ao lado... Sinto-me horrivel!
- Neela, eu desculpo-te, tambem não precisava de ter ficado assim tão chateado. Também te quero pedir desculpa.
- A sério?
- Sim, a sério.
- Desculpas aceites. E desculpa estar assim desanimada mas pensei que nunca mais ias falar comigo e estavamos a dar-nos tão bem, senti que tinha perdido o meu melhor amigo por pura estupidez minha! «Uau...»
- Nã ia ficar para sempre sem falar contigo. Não sou assim tão forte.
Ela riu-se e acalmou-se um pouco. Estava contente por resolvermos as coisas, não gostava de ficar chateado com ninguém.
- Estava aqui a pensar, vai haver uma festa este sábado. Queres vir comigo? Para compensar o jantar?
- Claro, adorava ir contigo.
- Óptimo. Ainda não sei os pormenores mas logo te digo ok?
- Ok não te preocupes.
- E desc...
- Neela, páras de me pedir desculpa? - disse,rindo-me.
- Ok. Falamos mais tarde? - perguntou, hesitante.
-Claro.
E desligamos. Estava tudo bem e eu não me podia sentir mais aliviado. Agora vamos lá ver como corre no dia da festa...
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